Em uma analogia direta ao melhoramento de sementes que revolucionou a agricultura brasileira, o uso de touros avaliados foi citado como a base para potencializar a produção de carne. A comparação foi feita pelo pecuarista Ignacio Tellechea, proprietário da Rincon del Sarandy, durante o circuito “De onde virão os terneiros?”, realizado nesta quinta-feira (28/05) em Uruguaiana (RS). Em um dia de chuva, produtores e lideranças gaúchas desafiaram os campos enlameados para verificar in loco o resultado da seleção genética focada em dados de programas de melhoramento como o Promebo. “Tem que desempenhar. Todas as escolhas que fazemos aqui na Rincon del Sarandy visam isso. Não tomamos nenhuma decisão por paixão ou por achar as vacas bonitas”, salientou o criador ao receber a comitiva.
Com um rebanho de mais de 2 mil cabeças, a Rincon del Sarandy foca seu projeto pecuário na produção de touros e matrizes produtivos e caracterizados pela precocidade e alta performance, o que garante rentabilidade ao sistema. Trabalhando com as raças Angus, Brangus e Ultrablack, a cabanha vende todos os anos touros para criatórios gaúchos, mas também para clientes em Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Recentemente, informa Tellechea, ampliou-se o interesse por animais de pelo curto e com presença de sangue zebuíno (Brangus e Ultrablack) tendo em vista a necessidade de trabalho em regiões de clima mais quente, como o Centro-Oeste.
Organizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar), o circuito “De onde virão os terneiros?” também visitou as instalações do Grupo Ceolin, arrozeira sediada em Uruguaiana (RS) que, além de grãos, também atua com pecuária. Na primeira estação do dia, o pecuarista e diretor do grupo Estevão Ceolin apresentou o ciclo de cria da propriedade.
Para o professor do departamento de zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e coordenador do projeto, José Fernando Piva Lobato, apesar da chuva, foi um dia de trabalho intenso e recheado de informação em duas propriedades que mostram que a pecuária está em evolução. O professor relatou a força genética dos animais apresentados na Rincon del Sarandy, o que reflete a busca incessante por maior eficiência reprodutiva com base na precocidade sexual das novilhas que possam ser emprenhadas aos 14 meses. "Está de parabéns Uruguaiana por ter uma propriedade com indicadores reprodutivos muito acima da média do Estado. Parabéns Rincon com a sua equipe de técnicos e de proprietários".
Crédito de fotos: Estevão Ceolin